Bom... deixem-me pensar como é que eu hei-de dizer isto... É que, bom... eu sou uma boa moça (hum, bolas, na verdade, agora já sou senhora... credo, que raio!), não quero ferir susceptibilidades! Não vá alguém começar uma revolução por minha causa! O Sarkozy não ia gostar nada, ainda por cima se soubesse que a dita revolução foi provocada por uma estrangeira! Afinal de contas, quantos franceses é que há no mundo? Já alguém se lembrou de contar? E portugueses? E quantos desses se consideram mais franceses do que lusos? E depois há que pensar na minha segunda mãe, a que me baptizou (ah, já agora, mais um apontamento: o português que se fala aqui será sempre o português com que eu cresci! se quiserem ler o novo português, já actualizado pelo Acordo, então podem ir para outras paragens! desse ponto de vista poderei dizer que aqui não se fala um bom português! azar! e sim, sim, sou conservadora, pronto!)...
Mas onde é que eu ia? Ah, sim, na parte em que a minha segunda mãe me baPtizou com champanhe, tinha eu uma semana de idade... É que, bom, a minha segunda mãe, madrinha de casório por sinal, é belga e... esperem, esperem, não se exaltem, eu sei que a Bélgica não tem nada a ver com a França! Bom, de facto, metade da Bélgica partilha a língua da França, por isso, não estão tão distantes assim! Mas enfim, esta minha mãe que não é a biológica, também madrinha e professora de francês durante dez anos, ensinou-me tudo que eu sei sobre França e o francês! Ah pois é! Pensavam o quê? Que eu andava a brincar na escola? Não senhora, não andava não senhora! Tive aulinhas de franciú duas vezes por semana dos dez aos dezoito! Para infelicidade da minha prof, não segui francês na faculdade! Com esta má notícia quase me deserdou, não a prof, mas, neste caso a mãe, a segunda, que são a mesma pessoa (uma hint para quem já não está perceber nada)!
Ui, isto está a ficar muito enrolado! E tendo em conta o último post onde me gabava da minha resolução de ver as coisas simples da vida, parece que estou a falhar redondamente nesta nova filosofia de keep it simple!
Aqui vai, então, doa a quem doer:
EU NÃO GOSTO DE FRANCESES!
Pronto, já disse, ufa!
Se uma amiga minha estivesse aqui, já me teria dado um puxão de orelhas! Não que ela provavelmente não concorde comigo, mas porque acabei de cometer um grande erro! Um erro que quatro anos a viver no estrangeiro já deviam ter apagado: eu não devo generalizar! De certeza que no meio de tantos milhões de franceses haverá um simpático... deve haver, de certeza, lá bem no fundo, naquele último milhar...
Agora será uma boa altura para partilhar com o resto do mundo o que um francês me disse há um mês atrás: o único problema da França são os franceses! Sim, sim, um homem são, inteligente, bem-sucedido na vida, da minha idade, cem por cento francês fez-me esta confissão! E agora? Depois de uma coisa destas, o que é que uma pessoa diz? Hum?
Agora falando um pouco mais a sério (mas só um pouquito, que a vida é curta), bem sei que não devo generalizar! Quando todos me diziam que os alemães eram um povo frio, distante, antipático, bruto, eu fui viver para lá e provei o contrário.
Quando todos me avisaram, antes de vir para Paris, que os franceses eram arrogantes, que sabiam sempre tudo melhor do que os outros, eu suspirei e pensei cá para mim que não há como relativizar! Sinceramente, chateiam-me estes avisos de gente que já passou por lá e que sabe como foi!
Sim, sim, todas as culturas e todos os povos são-nos estranhos a princípio! Ora, eu gosto de comer uma boa feijoada, não quero salsichas ou caracóis! E nem percebo porque é que o resto do mundo come comida estrangeira quando devia estar a comer a boa comida tradicionalmente portuguesa!
Mas, let's face it, todos os povos têm um pouco de seu, e isso é muito importante! Cabe-me a mim tolerar essa diferença e, com o passar do tempo, quem sabe, aceitá-la até, como minha (eu cá agora adoro salsichas! com a cerveja é que não conseguiram convencer-me!).
Por isso mesmo, quando me disseram que os alemães eram isto e aquilo, eu esperei e vi por mim mesma. Quando me avisaram em relação aos franceses, eu calei e resolvi esperar!
É verdade que um mês e meio não é nada para avaliar um povo! E fica aqui a correcção: eu só não gosto dos franceses com quem tive contacto até agora, os outros milhões todos são uma incógnita para mim!
Agora a falar a sério, eu nem sou uma pessoa muito simpática. Tenho um ar geralmente taciturno, sério... Quando as pessoas acabam de me conhecer nunca gostam de mim e acham-me até arrogante, distante, de nariz empinado. Na verdade, não sou nada dessas coisas, mas porque sei que os outros me vêem assim, tento relativizar sempre que tenho contacto com gente nova. Agora, quando ouço, todos os dias: Bonjour Madame! Au revoir! Bonne soirée! e por aí em diante, mas no meio destas palavras que representam cortesia, simpatia, boa educação, só sinto frieza, má educação, arrogância... o que é que eu posso fazer? Dêem-me paciência!
Acho que ainda disponho de algum tempo aqui em França! Vou empregá-lo bem, em busca de um francês simpático! Nem que seja um! Até lá, nunca desistirei! Aliás porque se um povo faz brioches e crèpes assim tão bons, é porque esconde alguma doçura dentro de si! Averiguarei!
2 comentários:
Voilà!
Eu faço o mesmo comentário sobre os italianos. Um país lindíssimo, de paisagens variadas, comida deliciosa, monumentos e arte geniais... desperdiçado com aqueles seres que gritam por tudo e por nada, são convencidos e pensam que são o presente dos deuses para as mulheres.
Oi!
Pois, eu também partilho desse teu sentimento. É verdade, a Itália é lindíssima (pelo menos o que eu conheço dela), a comida é fantástica (pasta, pasta, pasta!) mas aquele povo... Enfim, vivi um ano em Göttingen onde tive contacto com vários italianos... Nunca tinha visto ser humano mais convencido e pretensioso!
Mas, não é de ânimo leve que se diz isto, claro! Nós portugueses, aos olhos dos estrangeiros, temos com toda a certeza muitos defeitos!
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